quarta-feira, 21 de abril de 2010

Contribuição de Leucipo e Demócrito para a Química

O Choroso Heráclito e o Risonho Demócrito, afresco de Donato Bramante (1444–1514), Pinacoteca di Brera, Milão.


Um filósofo de nome Leucipo, que assim como Empédocles viveu durante o século V a.C, também refletiu a respeito da natureza da matéria. Ele se perguntou: “é possível dividir a matéria infinitamente ou ao dividi-la inúmeras vezes chega-se a um ponto no qual não é possível mais fazer a divisão?”
A conclusão a que Leucipo chegou foi que a matéria seria formada por partículas indivisíveis, os átomos. Portanto, para ele, a matéria não poderia ser dividida infinitamente, pois ao dividi-la se chegaria ao átomo.
A palavra átomo tem origem grega, significa “que não pode ser cortado”, ou seja, indivisível.
Leucipo foi o primeiro filósofo a expor que a matéria seria formada por átomos indivisíveis.
Pouco se sabe sobre a vida de Leucipo, porém, segundo estudos, Demócrito, seu discípulo mais famoso, foi quem ampliou a teoria de seu mestre.
De acordo com Demócrito, considerado o último filósofo pré-socrático, os átomos existiam em quantidades infinitas, movimentando-se continuamente no espaço; sendo de tipo, tamanhos e formatos variados. Segundo ele os átomos se diferenciavam também pelo peso e calor.
As transformações sofridas pela matéria, assim como sua diversidade, eram explicadas por Demócrito da seguinte forma: deviam-se as combinações e recombinações mecânicas sofridas pelos átomos (por meio de movimentos produzidos pela gravidade). Para Demócrito o vazio era necessário para que os átomos se deslocassem, sugerindo que a matéria seria formada por átomos e espaços vazios. Outro detalhe importante da teoria de Demócrito é a imutabilidade dos átomos.
Hoje sabemos que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” o que nos recorda a ideia de Demócrito sobre a imutabilidade e as combinações e recombinações (rearranjos) sofridas pelos átomos para dar origem a todas as coisas.

GRAVIDADE: FORÇA QUE PROPORCIONA PESO AOS OBJETOS. 

Referências:

STRATHERN, P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. Jorge Zahar editora LTDA, Rio de Janeiro, 2002.
pt.wikipedia.org/wiki/Demócrito_de_Abdera acesso em 19 de abril de 2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gravidade acesso em 21 de abril de 2010
http://historiadafilosofia.wordpress.com/category/leucipo/ acesso em 19 de abril de 2010


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Receita caseira de creme hidratante para a pele

Vou começar com uma pergunta: Qual a composição de um creme hidratante para a pele?
Aí você responde: Há uma diversidade de componentes nos cremes hidratantes que dependem do tipo de pele, da marca do produto etc.
Resposta correta! Porém, existe um ingrediente básico presente em todos esses cremes hidratantes, é a lanolina.
A lanolina possui esse nome por ser obtida através da limpeza da lã bruta do carneiro. Ela é responsável pela maciez desses pelos, por isso não é a toa que ela está presente na composição de todos os cremes hidratantes para a pele.
A lanolina tem propriedades hidrofílicas, isto é, liga-se a água sendo, portanto, hidratante e claro, amaciante.
Além de hidratante a lanolina age como emulsionante (mantém unidos a água e os óleos hidratantes presentes na fórmula do creme).
Mas, como isso aqui não é uma aula de química, vou parar de enrolar e mandar a receita do creme ok? Os ingredientes são vendidos em farmácias ou lojas de produtos naturais.


Ingredientes para a fase oleosa:

60 mL de óleo de amêndoas doces
40 g de lanolina

Ingredientes para a fase aquosa:

10 mL de água destilada ou filtrada
1 g de bórax (vendido em farmácias de manipulação)

Ingredientes ativos:

30 g de mel
3 mL de óleo de rosa-mosqueta
3 mL de tintura de bejoim
Forma redonda e baixa (aquela para fazer bolo), recipiente de vidro refratário, panela e potes de vidro

Como fazer:

Primeiro, prepare o banho-maria da seguinte forma: coloque no máximo até a metade de água na forma redonda. Quando a água ferver, abaixe o fogo.
Coloque o óleo de amêndoas no recipiente de vidro refratário e aqueça-o no banho-maria. Adicione a lanolina mexendo bastante até que a mesma fique totalmente misturada ao óleo. Reserve.
Prepare a fase aquosa aquecendo a água destilada ou filtrada em uma panela e, em seguida, dissolva o bórax.
Ao poucos misture a fase aquosa à fase oleosa (aquela que estava reservada), mexendo bem.
Adicione os ingredientes ativos: mel, óleo de rosa-mosqueta e tintura de bejoim. Depois de misturar tudo, feche o fogo e deixe seu creme esfriar.
Guarde em potes de vidro bem tampados e na geladeira (esterilize os potes com água fervente antes de guardar o creme.)
Usar diariamente no corpo.

REFERÊNCIAS:

REIS, M. Completamente Química. FTD, São Paulo, 2001.

SANTOS, W. L. P.; et al. Química e Sociedade. Editora Nova Geração, São Paulo, 2005.

Água, ar, fogo e terra

Surgiu, após Heráclito, uma ideia completamente nova a respeito da composição da matéria. Empédocles, filófoso grego residente em uma colônia grega na Sicília durante o século V a.c, propôs que a matéria seria formada por quatro elementos: água, ar, fogo e terra. Revolucionou, assim, a ideia do elemento único formador de todas as coisas. Afirmava que todos os materiais eram compostos por diferentes combinações desses quatro elementos.

Fonte: http://www.silverioortiz.kit.net/blog/um_mundo_de_vazios.htm  Acesso em 14 de abril de 2.010

Empédocles foi ainda mais brilhante ao dizer que nada no mundo era criado ou destruído, séculos antes de Lavoisier ter descoberto a Lei de Conservação das Massas que pode ser resumida pela frase: "Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma".
Empédocles também deu contribuições para o pensamento Teórico Evolucionista. Para ele, os membros se combinaram de diversas maneiras nos seres vivos, dando origem a todo tipo de criaturas, por exemplo, uma criatura com face de homem e descendência de boi. Somente os seres mais bem adaptados ao seu ambiente sobreviviam. Charles Darwin afirmou : " Sobrevive aquele que está mais bem capacitado" aproximadamente 2.460 anos depois de Empédocles.
Voltando a teoria dos quatro elementos, para Empédocles havia duas forças fundamentais responsáveis pelo funcionamento do universo: o AMOR que unia os elementos e o ÓDIO que os separava. A morte, segundo ele, era a desagregação dos quatro elementos. Portanto, para ele, todo tipo de matéria existente seria constituída pela combinação destes quatro elementos, misturados pelo amor ou separados pelo ódio.
Empédocles morreu ao pular do monte Etna para tentar provar aos seus discípulos que era imortal.

REFERÊNCIAS:

STRATHERN, P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. Jorge Zahar editora LTDA, Rio de Janeiro, 2002.

REIS, M. Completamente Química. FTD, São Paulo, 2001.

SANTOS, W. L. P.; et al. Química e Sociedade. Editora Nova Geração, São Paulo, 2005.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Emp%C3%A9docles  Acesso em 14 de abril de 2010 









sexta-feira, 9 de abril de 2010

" O sol é novo a cada dia"

Prosseguindo o estudo sobre as teorias a respeito da composição da matéria, é interessante salientar que os primeiros pensadores da cidade de Mileto são denominados Pré – Socráticos, pois precederam Sócrates.
Em Éfeso, principal cidade da região da Jônia (mesma região onde ficava Mileto), surgiu outro filósofo chamado Heráclito.
Heráclito era um homem arrogante e misantropo (tinha aversão à sociedade, aos homens). Na velhice chegou ao ponto de abandonar sua cidade para viver nas montanhas, alimentando-se de capim e ervas.
Heráclito tinha outra ideia sobre a composição das coisas, para ele o elemento fundamental a partir do qual o mundo se formou era o fogo. Discordava da proposição de Anaxímenes raciocinando que se o ar podia se transformar em água, terra, pedra e em todos os demais materiais, não poderia continuar sendo ar, nem tampouco poderia ser a substância formadora de toda matéria.
E por que Heráclito acreditava que o elemento que teria dado origem a todos os materiais seria o fogo? Porque para ele o mundo estava em constante transformação. Uma prova disto são suas célebres frases: “Nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio” e “ O sol é novo a cada dia”. O fogo seria, segundo ele, o responsável por essas transformações consumindo as coisas e transformando-as em toda a diversidade de materiais. Sua teoria afirmava que o único elemento que não sofria transformação era o fogo, sendo, portanto o formador de todas as coisas.
Heráclito morreu de hidropisia, uma doença que provoca a retenção de fluido nos tecidos. Desceu a Éfeso em busca de tratamento e, exibindo toda a sua arrogância característica, propôs aos médicos o seguinte enigma: “São capazes de criar uma estiagem após uma chuva pesada”. Como os médicos não conseguiram responder a sua pergunta, Heráclito decidiu curar-se sozinho. Foi a um estábulo e enterrou-se no esterco (excremento animal) achando que o calor extrairia o fluxo do seu corpo. Seu método foi ineficaz, ele faleceu.


REFERÊNCIAS:

STRATHERN, P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. Jorge Zahar editora LTDA, Rio de Janeiro, 2002.

REIS, M. Completamente Química. FTD, São Paulo, 2001

Episódio 1 da série Mundos Invisíveis exibida pelo fantástico em 2008.

Site: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=6 Acesso em 8 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os discípulos de Tales

Após a teoria de Tales, o primeiro cientista filósofo, um de seus discípulos chamado Anaximandro, também da cidade de Mileto, abandonou a ideia de seu mestre. Segundo ele, a essência da matéria não poderia ser uma substância comum, como a água. “Anaximandro postulou a existência de uma substância abstrata, o ilimitado, de onde tudo nascia e para onde tudo fluía. Esse fluxo constante de criação e destruição não se restringia às coisas da Terra. Nos céus também mundos surgiam do ilimitado e para ele voltavam, dissolvendo-se na imensidão do tempo” (GLEISER, 2008, p.10). Anaximandro chamava este elemento formador de todas as coisas de ápeiron, (palavra que significa “indeterminado” ou “ilimitado”) do qual provinham os pares de opostos (fogo e água, frio e calor, seco e úmido etc) que constituíam o mundo. Todas as transformações químicas, para ele, seriam resultado da interação entre os opostos.
Anaxímenes, outro discípulo de Tales, refutou a teoria de seu mestre e também a de Anaximandro. Em relação à teoria de Tales, Anaxímenes se perguntou: Se tudo é formado de água, como se explica a diversidade de materiais do mundo? Como a água havia se tornado todas as coisas?
Anaxímenes pensou, então, que o elemento fundamental formador da matéria não seria a água, mas sim o ar. Ele imaginou que se o mundo era cheio de ar, este ficaria mais comprimido quanto mais se aproximava do centro da terra. De acordo com Anaxímenes, à medida que o ar se comprimia, se transformava em água; a água, por sua vez, ao ser comprimida se transformava em terra que ainda mais comprimida, se tornava pedra.
Para Anaxímenes todas as coisas materiais eram formadas por rarefação ou condensação do ar. Acreditava que a alma seria ar, que o fogo era ar rarefeito (ar com grande afastamento entre as partículas) e que quando ocorria a condensação, o ar se transformava em água, que se condensando ainda mais se transformava em terra, que se condensando ainda mais se transformava em pedra.
A história das teorias sobre a composição da matéria é grande, e ainda tem muito mais a ser contado. Aguarde a próxima postagem! Qualquer dúvida envie um comentário.

REFERÊNCIAS:

GLEISER, M. Mundos invisíveis – Da alquimia à física de partículas. Editora Globo, 2008.

STRATHERN, P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. Jorge Zahar editora LTDA, Rio de Janeiro, 2002.

REIS, M. Completamente Química. FTD, São Paulo, 2001

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tales de Mileto e a matéria

"A química nos ajuda a entender a linguagem que Deus usou para criar a vida e a matéria" Franklin Moura

Matéria é tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço.

“Massa é uma 1grandeza física que mede quanto de matéria possui um corpo ou objeto” (Reis, 2001, p.11).
Corpo é uma porção limitada de matéria e objeto é um corpo fabricado para uma determinada finalidade. Por exemplo, o ouro é matéria, uma barra de ouro é um corpo e um anel de ouro é um objeto.
A massa de um corpo pode ser explicada como o grau de sua resistência a uma mudança de velocidade. Quanto maior a massa de um corpo, maior será essa resistência. Um goleiro pode parar uma bola de futebol que vai em direção ao gol, porém, não conseguirá fazer o mesmo com um caminhão de cimento devido à resistência a mudança de velocidade (parar a bola) proporcionada pela massa.
Massa e peso não significam a mesma coisa. O peso refere-se à força com que um objeto ou corpo é atraído pela terra, ou seja, o peso mede a força de atração gravitacional sofrida pela matéria.
Se a matéria ocupa lugar no espaço, isso quer dizer que ela possui volume. São exemplos de matéria: ar, água, ouro, terra, vidro, entre outros.
Os diferentes tipos de matéria são chamados de materiais.
Mas, do que é formada a matéria?
Hoje, sabe-se que a matéria é constituída por átomos e por vazio, porém, até se chegar a esse conhecimento surgiram muitas teorias para desvendar este mistério.
Na Grécia antiga, há cerca de 2.500 anos atrás, na cidade grega de Mileto – costa oeste da Turquia – havia um homem muito sábio chamado Tales, considerado o primeiro de todos os filósofos gregos.
Tales gostava de caminhar nos morros ao redor de Mileto, (que era uma cidade portuária) onde se podia ver o mar Egeu.
Enquanto Tales caminhava pelos morros observava algumas pedras que continham fósseis de conchas marinhas, percebendo assim que aqueles morros já haviam sido parte do mar. Chegou então à hipótese de que o mundo devia ter consistido inteiramente de água e, por meio desse raciocínio, passou a acreditar que toda matéria era constituída por água. Para Tales a água era o elemento fundamental do qual derivavam todas as coisas.
Hoje sabemos que nem tudo é água, mas que sem água não há vida. Tales não sabia que 65% do nosso corpo é formado por água.
“Em seus primórdios a filosofia abrangia a ciência – o que veio a ser conhecido como filosofia natural. O pensamento de Tales era científico porque era capaz de fornecer fatos em favor de suas conclusões. E era filosofia porque usava a razão para chegar a essas conclusões” (STRATHERN, 2002, p.17).
Mas, a história não para por aí... Muitos filósofos surgiram depois de Tales com explicações sobre a natureza da matéria...

1 Grandeza física é uma característica que pode ser medida de alguma forma e é representada por um número seguido de uma unidade de medida, por exemplo, a massa é uma grandeza física que pode ser medida em Kg (kilograma).

REFERÊNCIAS:

Reis, M. Completamente Química. FTD, São Paulo, 2001.

Santos, W. L. P.; et al. Química e Sociedade. Editora Nova Geração, São Paulo, 2005.

Strathern, P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. Jorge Zahar editora LTDA, Rio de Janeiro, 2002.

Episódio 1 da série Mundos Invisíveis exibida pelo fantástico em 2008.